Um minuto com Diana Palmer - A Noiva do Rei - Leia Parte 2

- As mulheres são propriedades em seu país, não são?
- Não no meu país. Somos uma nação moderna. Muitas de nossas mulheres, que não se dedicam profundamente a religião, consideram o véu arcaico e se recusam a usá-lo. Nossas mulheres trabalham e desempenham papéis importantes na sociedade e na política. Como deve imaginar, sou taxado de infiel por alguns países visinhos.
- O mesmo deve se aplicar a seu rei.
Ele pigarreou.
- Sim, é claro.
- O idioma árabe é bonito - Brianna comentou após um momento de silêncio. - Tenho um amigo que fala algumas palavras da sua língua. Ela é musical.
- É o que dizem.
- Mas é verdade - Brianna insistiu. - O inglês tem cadência. Seu efeito me parece intrigante.
- Intrigante e não sexy?
Ela corou até a raiz dos cabelos.
Vous êtes um enfant, Brianna. Ene três belle fleur avec lês yeux comme la mer.
Brianna franziu o cenho. A voz profunda e sensual do árabe pareceu calar em seu coração.
- Não sei falar francês.
- Não importa. Venha assistir televisão comigo.
- O que irá ver? - ela perguntou. Era incrível, mas não poderia escolher o programa, embora estivesse em sua própria casa. E o pior era que ainda tinha de agradecer a Ahmed por estar sendo generoso.
- Um programa especial sobre a ligação entre o stress e o sistema imunológico. Um estudo novo que vem sendo realizado por diversos cientistas. Eu achei a premissa bastante interessante.
Ela também achou. Seu médico vivia dizendo que estava preocupado coma sua obsessão em passar cinco noites por semana junto do irmão. Ela nunca deixava de ir ao hospital.
Podia chover canivetes. Ela alegava que acabaria tendo de cuidar dela, também, como vítima de debilidade física total. Até o momento isso não havia acontecido. A não ser por um resfriado ocasional, sentia-se ótima.
Entretanto, ao assistir o programa com Ahmed, Brianna começou a entender os avisos de alerta que tentavam apresentar. Era assustador. Tad poderia permanecer em coma pelo resto da vida e ela, ao perder as esperanças de enxergar uma luz no fim do túnel, morreria de tristeza. O que seria dele, então?
- O programa não é o que eu esperava - Ahmed declarou subitamente. - Doenças me deprimem. Eu imaginava um enfoque mais científico. - Ele mudou de canal se sintonizou em um filme sobre as aventuras de Sherlock Holmes.
A brusca ação de Ahmed a surpreendeu. Doenças a deprimiam também. O problema era que não tinha escolha. Não podia mudar o canal de sua vida.
Enquanto assistia ao filme, alisou distraidamente o tecido de sua blusa. Estava ficando gasto. Fazia tempos que não comprava roupa nova. Seu dinheiro nunca dava.
Após alguns minutos, resolveu se entregar ao cansaço.
- Há coca-cola na geladeira, caso tenha sede.
- Champanhe?
- Só em sonhos.
Ahmed não respondeu. Ela se dirigiu para o quarto e olhou para trás ao alcançá-lo. O árabe, provavelmente, ainda não havia se dado conta de que teria de dormir ali mesmo, no sofá, ou no colchão encaroçado do quarto de hóspedes.
Fechou a porta, trancou-a e, ainda por cima, calçou com uma cadeira. Não desistiria de seu colchão novo por nada.
Lembrando-se dos microfones e câmaras ocultas, Brianna apagou a luz antes de se despir. Não podia saber que a agência havia instalado dispositivos com raios infravermelhos pela casa, mas não em seu quarto, que fora discretamente poupado.
Estava quase dormindo quando ouviu a televisão ser desligada e passos. Em seguida protestos em árabe e mais passos que se detiveram a sua porta.
- Melhor você se acalmar - ela aconselhou. - A porta está trancada e há uma cadeira sob o trinco. Se tentar derrubá-la, o barulho atrairá a atenção dos vizinhos. O que quer aqui, afinal? O quarto é meu e a cama é minha. Se não está contente com a sua, chame alguém e reclame.
- Acha que não faria isso? Aguarde!
- Você não me assusta. Nenhum americano com sangue nas veias forçaria uma mulher a ceder sua cama.
Ela fechou os olhos, satisfeita. Ahmed não podia imagina o quanto trabalhara para se dar ao luxo de comprar aquele colchão, que nem era dos mais caros. Aliás, ele não parecia ter qualquer idéia sobre os preços das coisas. Seu governo deveria lhe pagar todas as despesas. Um bom emprego o dele.
Na manhã seguinte, quando saiu, Ahmed ainda não havia levantado. Não deixou preparado qualquer desjejum. Após as ameaças da noite anterior, não parecia que ele merecesse.
Apesar disso, sua consciência a perseguiu.

CAPÍTULO 4

Mas quando chegou em casa, após o trabalho, Brianna não viu absolutamente nada extraordinário. Nada visível, ao menos.
Ahmed estava sentado no sofá assistindo um filme. Um casal fazia amor. Os sons eram tão sugestivos que Brianna preferiu passar direito pela sala.
No quarto, tirou o casaco e esticou os braços. Suas costas doíam depois de ficar o dia inteiro quase na mesma posição.
Uma sensação estranha a fez voltar-se. Ahmed estava parado na porta e olhava para ela com uma expressão indefinível. O que não podia imaginar era que cada movimento delineara cada curva de seu corpo e que Ahmed ficara sem fôlego ao surpreendê-la.
- O que foi?
- Não encontro a lista telefônica.
- Está guardada, mas se quiser, posso emprestá-la - respondeu provocativa. - Outro detalhe: vou dormir nesta cama esta noite. Providenciei para que coloquem uma nova para você, no quarto de hóspedes.
- A história não é bem assim. Eu falei com seu amigo Lang e ele me disse que está mandando uma cama nova para cá. Só que será você a ocupá-la, e no quarto de hóspedes. Eu continuarei ocupando este como ontem.
- Não! Este apartamento é meu e ninguém me expulsa do meu próprio quarto!
- Se não o liberar, acontecerá um incidente internacional de proporções que não pode imaginar.
- Você é insuportável! Lang me contou que ninguém jamais o contrariou em toda a sua vida. Bem, está na hora de alguém mudar isso. Não tem o direito de invadir a casa dos outros e se apossar dela.
- Tenho mais direito do que você - ele retrucou, os braços cruzados sobre o peito. A camisa azul de seda parecia tornar aqueles olhos ainda mais escuros. - Chame o Lang. Proteste. De nada irá adiantar. Ele não ousaria tomar partido contra mim.
- Não dou a mínima para quem você é ou o que faz. Moro aqui e não vou me privar do meu conforto.
Ahmed ficou olhando fixamente para o rosto zangado. Depois de um tempo, seus olhos deslizaram por todo o corpo de Brianna, e voltaram para o ponto de partida.
- Qual sua idade?
- Não lhe interessa.
- Posso descobrir facilmente.
- Então, descubra. O telefone está às ordens. Ou prefere vasculhar a minha bolsa até encontrar meus documentos?
Ele não se moveu.
- Se me der licença gostaria de trocar de roupa antes de começar a preparar o jantar.
- Se não tiver me contrariado, poderia se servir de minha lagosta à Themidor.
- Não gosto de lagosta. Isto é, acho que não gosto. Nunca pude comprar uma e provar.
- Você não ganha tão mal - o árabe retrucou sarcástico.
- Não, não ganho, mas todas as economias são empregadas no tratamento do meu irmão.
Dessa vez, Ahmed pareceu desconfortável.
- Sim, sim, eu ouvi falar sobre o garoto.
- Ele é como se fosse meu filho. Cuidei dele quando nasceu. Como minha mãe demorou a se recuperar, era eu quem preparava e dava as mamadeiras e trocava as fraldas. Mais tarde, brinquei com ele. Tad era um menino muito esperto. Rezo todos os dias para que ele se levante e volte a brincar.
Ahmed sentiu-se tocado pela demonstração de ternura. Até aquele momento nunca se preocupara com Brianna e com a criança. Agora a situação era diferente.
- O que dizem os médicos sobre as chances de recuperação?
- O mínimo possível. A ciência médica chegou a seu limite de certeza. Como você sabe, o cérebro é um território ainda pouco explorado.
- Faz muito tempo que ele está hospitalizado?
- Três anos. - Como se tivesse se arrependido de mostrar suas emoções, Brianna se dirigiu à porta e abriu-a de par em par. - Importa-se?
Ele saiu imediatamente. Ela vestiu uma calça jeans e uma blusa de crochê branca, de mangas compridas. Estava tão longe de querer impressionar seu hóspede indesejável que nem penteou os cabelos.
Na sala, Ahmed assistia ao noticiário. Sem se dignar a olhar de lado, Brianna caminhou para a cozinha. Faria um bolo de carne. Estava enjoada desse prato, mas além de prático, sempre durava dois dias.
- Que delícia culinária está planejando para esta noite?
- Bolo de carne, purê de batatas e vagens.
Ele torceu o nariz
- Há algumas latas de sopa no armário.
A careta piorou.
- Porque não liga para a CIA e reclama? Diga que está passando fome. Talvez arrumem outro lugar para escondê-lo.
O homem não respondeu. Se possível, tornou-se ainda mais inatingível do que nos outros dias.
Brianna preparou o jantar entre resmungos e protestos interiores. Se o arrogante preferia morrer de fome a comer o que as pessoas normais comiam, o problema era dele.
- Encare como um estudo da cultura americana. Quem sabe se sentirá melhor.
- Não me admiro que seu povo seja tão ignorante.
- Ignorante? E o que me diz do seu povo vivendo em tendas como os camelos, no meio do deserto?
- Não vivemos com os camelos - Ahmed se defendeu.
- Entendeu muito bem o que eu quis dizer. Seu país está cheio de desertos, tendas e camelos.
- Há grandes cidades, Óperas, orquestras sinfônicas, teatros bibliotecas e universidades.
- E areia, deserto e camelos.
- Você não sabe nada sobre o meu país.
- Nem você sobre o meu. A maioria de nós nunca experimentou o ar rarefeito que você respira, quando se coloca nas alturas. Nem lagostas, limusines, e hotéis de cinco estrelas.
- Tenho direito a essas coisas.
- Sua vida é muito fácil. Queria que tivesse de viver com um salário mínimo por algum tempo. Aí, sim, descobriria como vive o resto do mundo.
- Cada um deve viver por si. Basta eu cuidar de mim próprio.
- Quanto egoísmo!
- Sempre haverá ricos e pobres - ele declarou filosoficamente. - Por que devo me privar do que gosto porque há pessoas menos afortunadas no mundo?
- Poderia fazer alguma coisa para ajudar essas pessoas. Bastaria doar um poço do seu salário. Deve ganhar tanto que a caridade não interferiria com seu alto padrão.
Ele cruzou as pernas. De calça jeans apertada, Ahmed parecia muito sexy.
- Meu alto padrão, como chama, é um direito que adquiri por herança. Não tenho a menor intenção de desistir do que é meu. Tenho feito o que posso pelo meu povo. Quanto à sua definição de pobreza, em meu país não acontece o mesmo. Nossos nativos, homens nômades, que vivem em tribos, consideram suas vidas satisfatórias e superiores às existentes nas cidades. Não se consideram pobres, apesar de serem encarados com desprezo pelos países industrializados.
- Não estou entendendo.
- Claro que não. Você acredita que, por ter máquinas e fábricas, seu país é superior?
Brianna franziu a testa, Jamais havia considerado a questão sobre esse ponto de vista.
- Freqüentou uma faculdade, Brianna?
Era a primeira vez que a chamava pelo nome e a sensação foi perturbadora.
- Não. Cursei apenas secretariado.
- Quando tiver tempo e as circunstâncias melhorarem, tente fazer cursos de sociologia e diversidade racial.
- Você estudou? Ela quis saber.
- Formei-me em Oxford.
Oxford, a mais famosa universidade do mundo. Ela mal podia acreditar.
- Sou formado em ciência e física. Meu pai aprovou minha escolha. Nosso povo foi fundador da ciência.
- Com tanto preparo intelectual, talvez possa desenvolver um lagosta no laboratório da minha cozinha.
Primeiro ele contraiu as sobrancelhas. Depois riu brevemente. Mas uma notícia chamou sua atenção e a conversa foi interrompida.
Mais tarde, embora se queixasse da falta de talheres de prata, porcelanas finas e guardanapos de linho, Ahmed se sentou à mesa.
- Nunca tinha experimentado este tipo de comida antes. É bom.
- O que esperava? Que eu fosse uma péssima cozinheira? Minha mãe me ensinou. E a sua? É ela quem cozinha para a família?
O comentário deveria ter sido hilário, pois Ahmed a fitou como se fosse uma marciana.
- Não. Suas mãos nunca se ocuparam com tarefas tão triviais.
O comentário a ofendeu ao ponto de fazer com que seu sangue aflorasse ao rosto.
- Na América, o trabalho não envergonha as pessoas. Ahmed pareceu surpreso.
- Oh, me perdoe. Não quis insultá-la. Você cozinha muito bem.
- Obrigada.
Ele tomou o último gole de café com creme e açúcar, evidentemente satisfeito.
- Você disse que as mãos de sua mãe nunca se ocuparam com tarefas triviais. Ela não vive mais?
- Não. Nem ela nem meu pai. Foram assassinados.
Brianna deixou o garfo cair sobre o prato. No silêncio, o som chegou a assustá-la.
- Oh, eu sinto muito.
- Foi há muito tempo. Os responsáveis foram presos e executados.
O assunto a fez lembrar de que Ahmed também era um provável alvo.
- Não sente medo?
- De que adianta desperdiçar energias com futilidades? - Foi à resposta. - Eu morrerei quando chegar a hora. Morrer não é o destino de todos?
- Bem se eu estivesse em seu lugar, morreria de medo, mesmo que os tiros não me atingissem.
Ahmed sorriu.
- Você é uma garota diferente.
- Sou uma mulher.
- Uma garota - ele insistiu.
Brianna se levantou e recolheu os pratos.
- Fiz torta de cereja para sobremesa.
- É a minha favorita - Ahmed afirmou.
- A minha também.
- Afinal alguma coisa em comum. Haverá outras?
A pergunta ficou sem resposta. O homem estava se insinuando demais em sua vida e assustava-a emocionalmente.
Terminaram de comer em silêncio. Enquanto ele voltava para a televisão, ela tirou a mesa, lavou a louça e depois foi apanhar o casaco e a bolsa.
- Aonde vai? - Ahmed perguntou sobre o ombro.
- Ver Tad.
Ele se levantou e desligou o aparelho.
- Acompanho-a.
- Não pode. Eles disseram para não sair do apartamento.
- Eu irei. Ao nos verem juntos, os agentes nos seguirão.
Era mais fácil aceitar do que tentá-lo fazer mudar de idéia.
Ao lado daquele homem alto e musculoso, Brianna sentia-se curiosa.
- Você se exercita?
- Em um ginásio? Não. Eu cavalgo.
- Possui um cavalo? Oh, eu os adoro. De que raça?
- Garanhões austríacos.
- Aqueles enormes? Mas não são muito caros?
- Muito. Pertencem ao rei - Ahmed se apressou a acrescentar ao perceber o olhar desconfiado de Brianna. - Ele permite que eu os treine em minhas horas vagas.
- Que sorte a sua!
Ahmed sorriu. Estava muito gentil e simpático. A noite não seria tão má como ela esperava. Mas o bom humor só durou até chegarem ao carro. Ele parou e seu queixo caiu. Além de pequeno e velho, o carro estava coberto de pontos de ferrugem.
- Não espera que eu entre nisso!
- É o único carro que tenho.
- Lamentável. Por que não compra um novo?
- Porque não tenho dinheiro. Acha que basta entrar numa agência e escolher o modelo mais caro? Eles não o deixam sair sem pagar, sabia? Este carro é o único que meu orçamento permite. Você não tem o direito de fazer com que eu me sinta envergonhada!
Ahmed começou a falar, mas ela não ouviu. Um carro preto, de aparência sinistra, surgia na esquina. Sem refletir, empurrou seu acompanhante contra o carro e obrigou-o a se abaixar.
- Quer ficar quieto? E se forem eles?
- A CIA?
- Os assassinos!
- É muito lisonjeiro de sua parte, Brianna - ele murmurou.
- Quer manter a cabeça baixa?
As mãos fortes encontram a cintura de Brianna.
- Brianna, olhe!
Ela se virou, com cuidado para, o carro preto e viu Lang. Sua expressão era divertida. Brianna se afastou rapidamente e passou uma das mãos pelos cabelos. Lang se encaminhou para eles.
- Olá, garota. Eu estava passando por aqui quando a vi com seu primo. Querem uma carona?
- Sim - Ahmed se apressou a aceitar.
- Terei prazer em levá-los para onde quiserem.
Ahmed acomodou Brianna no banco traseiro e se sentou ao lado de Lang. Durante o trajeto, ela se sentiu tão furiosa ao relembrar os insultos do árabe com relação a seu querido carro, que explodiu.
- Quer fazer o favor de me dizer, Lang, como posso ter um primo mexicano se minha ascendência é irlandesa?
- Atreves do casamento, é claro. Mas, diga-me. Pensou que eu fosse um assassino?
- Não sabia que era você. Da próxima vez, entretanto, prometo que não tomarei tantas precauções. Do jeito que seu protegido criticou meu carro, merece um tiro ou mais.
- Aquilo não é um carro. É um pedaço de lata com buracos. - Desculpem - Lang os interrompeu, providencialmente.
- Para onde querem ir?
- Para o hospital - Brianna respondeu.
- Eu deveria ter adivinhado. Você vai lá quase todas as noites. Até quando acha que agüentara com essa vida antes de cair doente?
- Tenho agüentado há três anos. Agüentarei o tempo que for preciso.
Ahmed se manteve calado, mas sua mente não parava de trabalhar. A cada momento aquela garota o intrigava mais.
Era inocente. Uma qualidade rara nos dias atuais. Ele precisaria se casar por causa do problema dos herdeiros.
Uma pena que sua noiva devesse ser árabe. O melhor seria expulsar os sonhos e fantasias e voltar à realidade.
Lang e Ahmed ficaram na sala de espera, pois o hospital só permitia a entrada de uma pessoa na unidade de terapia intensiva.
Ao vê-la, através do vidro, curvada sobre o irmão, Lang suspirou.
- Tortura. Deve ser uma tortura para ela.
- Ela não tem mais ninguém para dividir essa carga? - Ahmed perguntou.
- Ninguém.
- Uma enfermeira poderia ser contratada.
- Para quê? Enfermeiras não curam comas.
- Mas pouparia Brianna.
- Acha que ela desistiria de visitá-lo mesmo que houvesse um médico as vinte e quatro horas do dia de plantão no quarto?
- Não. Você está certo. - Os olhos de Ahmed se demoraram sobre a figura de Brianna. - Ela parece frágil, mas tem muita força. Sabe como foi que aconteceu o acidente?
- A família estava viajando de férias. Um carro fez uma curva em alta velocidade atravessou a pista. Com o choque, eles capotaram. O pai de Brianna e o motorista do outro carro tiveram morte instantânea. A mãe viveu até o dia seguinte. O menino, você sabe. Se o socorro não tivesse demorando tanto, a situação poderia ser diferente. Mas, como o carro caiu em um buraco, o resgate foi extremamente difícil.
- Brianna ficou a noite intera no carro? - Ahmed murmurou.
- Sim, presa nas ferragens. Fraturou os quadris e duas costelas. Não notou que ela se move de maneira estranha, às vezes?
- Não, não notei.
- Ela precisou de tratamento psicológico para superar o trauma.
- Imagino que sim. Que moça de coragem!
- Sim ela é incrível.
- Quantos anos têm?
- Vinte e dois, eu acho. Mas fique avisado, se tentar seduzi-la, se entenderá comigo. Não dou a mínima para sua posição.
Ahmed ergueu uma sobrancelha.
- Você gosta dela?
- Somo amigos.
- Um botão de rosa à espera do sol. Eu não posso lhe negar o direito de desabrochar. Não se preocupe. Tenho capacidade suficiente para analisar as conseqüências. Planos sórdidos não fazem parte do meu temperamento. Apenas a considero uma garota charmosa, quando não estamos brigando. - Ele fez uma pausa. - Espero que não comente nada com ela.
- Claro que não.
Ahmed sorriu, de repente.
- Apesar da animosidade dela para comigo, viu como tentou me proteger quando pensou que você fosse um assassino? Essa garota é fantástica!
- Como se aquela lata velha pudesse impedir que uma bala se cravasse em seu corpo...
- Ela não sabe nada sobre armas, guerras ou assassinatos. Nem deverá saber. Preciso me precaver para que ela não corra riscos por minha causa. Fosse um atentado, o resultado teria sido trágico.
Lang não gostou da intensidade com que o árabe falou sobre Brianna. Ahmed era um libertino. Suas mulheres deveriam somar às dúzias.
- Ambos estão sobre vigilância. Nada de mal acontecerá a ela.
- Espero que não. A vida e o bem estar da garota são tão importantes quanto os meus. Entendeu?
- Sim entendi. Pergunto-me se o mesmo se aplica a você?
Ahmed encarou o agente com curiosidade, mas antes que pudesse se referir ao comentário, Brianna se reunia a eles.
- Alguma melhora? - Lang indagou.
Ela negou com um movimento de cabeça.
- Podemos ir? Estou muito cansada.

CAPÍTULO 5

Brianna não dormiu bem. Suas emoções estavam à flor da pele. Quando conseguia fechar os olhos, por alguns instantes, imagens de uma limusine preta e o rosto moreno invadiam seus pensamentos.
Quando se levantou, Ahmed já estava acordado, ao contrário dos outros dias. Encontrou-o na cozinha, vestindo aquela roupa esquisita, e tentando descobrir o segredo do funcionamento da cafeteira elétrica.
- Deixe que eu faça o café - ela se ofereceu, envergonhada em ser surpreendida descalça e de camisola e penhoar, apesar de perfeitamente decentes. Talvez fosse o modo de Ahmed fitá-la que a envergonhava tanto.
- Deveria se vestir primeiro - ele aconselhou. - Uma moça não pode aparecer diante de um homem em trajes de dormir.
- Eu não posso. E você? - Ela indicou o cáftan.
- Sou homem.
- Posso me vestir como quiser dentro do meu próprio apartamento - Brianna insistiu.
Ahmed deu um passo. O movimento foi lento, sensual, predatório. Algo que ela nunca presenciara antes. Os olhos não se afastaram do seu rosto por um único segundo, nem para piscarem.
- Em um minuto farei o café, está bem? Vou me vestir.
Quando Brianna voltou, ele também estava vestido. Preparou o desjejum e, para sua surpresa, Ahmed tomou sem reclamar. Seu comportamento não demonstrava que algo incomum havia acontecido. Brianna, no entanto, passou o dia inteiro se lembrando daquele olhar.
No final da tarde, depois de mais um dia de trabalho, encontrou-o no topo da escada, brincado com o filho de sua vizinha.
- Outra vez - pediu o menino.
- Minhas pobres costas - Ahmed grunhiu comicamente.
- Está bem, mas será a última vez, combinado?
- Combinado.
- Não vale descer até o andar térreo, OK?
- OK.
O garotinho começou a descer e trombou com Brianna, a quem não tinha visto. Ela sorriu. Ahmed veio ao seu encontro no mesmo instante.
- Nós estávamos nos divertindo um pouco.
- Foi o que percebi. Seu amigo Lang não iria gostar.
- O que os olhos não vêem o coração não sente. Nicky a deixará entrar na brincadeira, se quiser, não é Nicky?
- Claro!
- Eu adoraria, mas tenho que preparar o jantar para o meu primo.
- Mas Pedro não está com fome, está, Pedro?
- Bem, meu amiguinho, para falar a verdade estou morrendo de fome. Você se importa em continuarmos a brincadeira amanhã?
- Amanhã eu não posso. Vou ficar com a minha avó por uma semana. Minha mãe só está esperando meu pai chegar para sairmos.
- Uma pena - Ahmed se lamentou. - Gostei muito de brincar com você.
- Eu também. Poderemos nos ver novamente na semana que vem?
Ahmed acariciou a cabeça do menino.
- Assim que for possível.
O menino subiu correndo. Ahmed o seguiu. Brianna encontrou-o diante de sua porta, esperando-a.
- Você gosta de crianças - ele observou.
- Muito.
- Deveria se casar e ter filhos.
- Tenho Tad - Brianna respondeu, na evasiva. - Com licença. Preciso me trocar.
Ele a impediu de entrar. Embora não a tocasse, seu corpo másculo se colocou de forma a impossibilitar-lhe a passagem.
- Há alguma outra razão, algo mais profundo. Você não deseja se casar. Vejo isso em seu rosto.
- Nem todas foram talhadas para o casamento - ela se justificou. - Por favor. Deixe-me entrar.
As mãos de Ahmed se fecharam gentilmente em seus ombros.
- Fale comigo.
Brianna fechou os olhos. Delicado e carinhoso como estava se portando, Ahmed parecia outro homem. E ela sentiu medo.
- Não posso. Por favor, deixe-me passar!
Ele não tornou a insistir.
- Como queira.
No quarto, ela trancou a porta e se atirou na cama, sem forças. Por que Ahmed tinha de lhe fazer perguntas que a angustiavam? Por que não se ocupava com seus próprios assuntos?
Estava se dirigindo à cozinha, como fazia todas as noites, quando ele tornou a detê-la.
- Lang consertou o fio do telefone e eu me aproveitei da situação. Espere.

- Não tornou a encomendar o jantar, não é? Até eu, que sou uma leiga em questões de estratégia, entendo que isso significa perigo.
- São meus próprios homens que me atendem. Não há riscos de infiltração.
- Meus vizinhos não são cegos - ela protestou. - Como pode um pobre imigrante mexicano se dar ao luxo de comprar o que há de mais caro em iguarias? As pessoas farão comentários.
- Não sou capaz de viver de cachorros quentes - ele retrucou. - Gostei do bolo de carne com legumes, mas estou acostumado a pratos mais requintados.
- Acabará morrendo devido ao excesso de colesterol.
- Justamente você me diz isso? Por acaso sabe de que são feitas as salsichas?
- Eu adoro cachorro quente!
- E eu adoro salmão, aspargos e crepes flambados de sobremesa.
- Coitado do seu povo! Será que eles sabem que você come como um rei enquanto são obrigados a se alimentar de carne de carneiro fria em suas tendas?
Ele apertou os lábios.
- A maioria dos nômades gosta dos frutos dos oásis, cordeiros assados e ensopados e semolina. Alimentam-se muito bem, se quer saber.
- Eu só queira fazer uma ligeira comparação.
A batida na porta dispensou uma resposta. Em seguida, os homens entraram, carregando caixas de papelão comuns.
- Um jantar disfarçado. - Ahmed sorriu. - Lagostas. Hoje eu gostaria que provasse.
Mal acabou de falar, Ahmed se muniu de um garfo e uma faca e levou um pedacinho à boca de Brianna.
- É muito gostoso - ela respondeu, desconcertada ao notar o modo com que o árabe ficou olhando fixamente para seus lábios. De repente, ele estendeu a mão e tocou seu queixo.
- Caiu um pouco. Deixe que eu limpe.
O que havia caído, Ahmed retirou com a ponta de um dedo e levou de volta aos lábios de Brianna. Mas o gesto se tornou puramente sensual em uma fração de segundo. Ahmed encontrou seus dentes e sua língua.
O instinto de auto preservação a fez recuar.
- Obrigada por me oferecer seu jantar, mas acho que continuo preferindo meus cachorros quentes.
- Como queira.
Ele estava encontrando dificuldade para respirar e agir com naturalidade. Não devia tê-la tocado. Isso só pioraria as coisas.
Para acompanhar o lanche, Brianna abriu uma lata de batatas chips.
- Mais colesterol ainda - Ahmed apontou para a lata.
- Olhe quem está falando - Brianna riu, e apontou a lagosta mergulhada em manteiga.
- No final da refeição, o árabe se serviu de um crepe recheado com geléia de frutas.
- Não quer experimentar?
Lembrando de sua fraqueza de poucos minutos atrás, Brianna balançou a cabeça e mentiu.
- Obrigada. Não gosto de doce.
Ahmed não insistiu. A jovem era pura e seus pensamentos transparentes e ele estava começando a perder o controle de suas ações. Lang tinha razão. Um envolvimento com Brianna seria um desastre.
O pesadelo que ela conseguira evitar, permanecendo acordada por quase todas as horas das últimas duas noites. Atacou-a sem piedade. Talvez fosse devido à terrível tempestade que se abatera sobre a cidade, com seus raios e trovões.
Quando acordou, tremendo de horror, estava nos braços de Ahmed.
- Não!Não! Eu preciso salvá-los! Não posso deixá-los morrer!
- Brianna!
A mão em seus ombros a sacudiram e ela abriu os olhos. Ahmed estava sentado em sua cama, à expressão solene à luz do abajur. Usava uma calça de pijama de seda, mas o peito forte e peludo estava nu.
- Brianna, fale comigo.
- Eu... Eu estou bem. Tive um pesadelo, mas já passou.
- Você gritou. Pensei que os pesadelos pertencessem ao passado.
- Até aquele instante, Brianna não imaginava que Ahmed estivesse a par do acontecido.
- Pertenciam.
O olhar dele abandonou-lhe o rosto para descer até o vale profundo entre os seios. Apesar do corpete de renda ser forrado, os mamilos escuros ficava visível. Brianna não havia notado esse detalhe antes. Mas, também, nunca se importava em se esconder antes, pois nenhum homem a vira de camisola.
Ela ergueu instintivamente as mãos sob o olhar perturbador, mas não conseguiu esconder a evidência das sensações novas que a invadiam. Os mamilos se tornaram duros e palpitantes e ela corou de vergonha.
- Lindos - Ahmed murmurou, sem parar de fitá-los. - São como o cair da noite sobre as rosas.
Os olhos intrigados mergulharam nos olhos embevecidos.
- Nenhum homem lhe descreveu seu corpo antes?
- Nenhum homem o viu.
Ahmed respirou fundo. Seus olhos tornaram a deslizar sobre a pele acetinada entre o decote, sobre a veia que pulsava rapidamente no pescoço, e sobre os lábios úmidos. Não a tocou, mas o brilho dos olhos foi suficiente para Brianna se assustar. Ahmed lhe provocava sensações estranhas. Não tinha certeza se as apreciava ou não.
- Você deve sair daqui. - murmurou, rouca.
- Daqui a pouco - ele assentiu. Antes Chérie, quero ter certeza de que os pesadelos não voltarão.
- Estou bem.
- A melhor forma de se afastar um pesadelo é criar uma experiência que o suplante. Você não concorda?
- Isso depende da experiência que você tem em mente - ela respondeu, quase sem fôlego.
- Algo muito inocente. Como você, chérie - ele acrescentou com um sorriso suave. - Não há o que temer. Será apenas um contato que lhe provará que a inocência pode ser tão árida quanto o deserto.
Conforme falava, Ahmed a levantou do travesseiro e deslizou as mangas da camisola até a cintura. Suas mãos macias e quentes começaram a se mover pelas costas nuas, fazendo com que os seios de Brianna roçassem no peito dele. Ela arquejou. A sensação era poderosa e indescritível. Fazia os seios incharem, todo seu corpo inchar. E provocou um súbito calor mais embaixo. Suas mãos ficaram tensas sobre os ombros de Ahmed.
- Relaxe - ele murmurou em seu ouvido. Ela não podia. Seu corpo parecia estar se derretendo, mas os seios continuavam rígidos. E suas mãos. - Você está gostando? - Ahmed perguntou, movendo-a de um lado para o outro para que o atrito entre suas peles se intensificasse.
Ela estava cravando as unhas nos ombros dele, sem perceber.
- Você... Precisa... Parar.
- Só mais um pouquinho. Prometo - ele sussurrou e mordiscou o lóbulo de sua orelha. - Não farei nada que a comprometa. Nada que a envergonhe. Apenas quero tocá-la.
Brianna não conseguiu afastá-lo as carícias eram enlouquecedoras. A fazia ansiar por coisas vergonhosas.
Apesar da mente relutante, ela se afastou para facilitar o acesso dele aos seus seios. Mas a vergonha a impediu de encará-lo e ela escondeu o rosto no peito moreno.
- Não tenha vergonha de gostar daquilo que eu posso lhe oferecer - ele falou baixinho. - Não vou lhe fazer mal.
Mordeu o lábio. Não sabia o que responder. As sensações não deixavam. Ahmed a tocava com os polegares de uma forma que os mamilos se tornaram ainda mais inflamados. Todo o seu corpo começou a latejar.
As mãos de Ahmed tornaram a deslizar por suas costas.
Em seguida ele a abraçou e ficou imóvel. Brianna podia sentir o quanto o coração dele batia forte. Mas não tinha coragem nem vontade de mandá-lo parar. Queria que as carícias continuassem mais e mais. Que jamais terminassem. Nunca imaginara que um homem pudesse dar tanto prazer a uma mulher.
Não sabia que suas mãos haviam mergulhado entre os cabelos de Ahmed até ele gentilmente afastá-las e fazê-la se deitar novamente. Segurava-a pelos pulsos e olhava para os seios. Agora vai me despir por inteiro, Brianna pensou. Suas mãos, então me tocarão e ele me verá...
- Não!
Se Ahmed a despisse, veria a cicatriz. Mas ele, alertado por Lang, percebeu o motivo da súbita relutância.
- De que lado do quadril, chérie?
- O esquerdo - balbuciou, depois de um momento de hesitação.
Ele sorriu e começou a descer muito lentamente a camisola até alcançar o quadril. Ela prendeu a respiração.
- Brianna, seu corpo é uma dádiva dos deuses. Algumas cicatrizes não o alteraram. Pense nelas como marcas de bravura. Você é maravilhosa. - Ele sorriu. - Agora, tente dormir. Garanto a você que não voltará a ter pesadelos. Sonhará com meus olhos.
Um calor intenso subiu-lhe ao rosto.
- Isso é timidez e me encanta. - Sem demonstrar o que tinha em mente, ele a vestiu e beijou-a na testa. - Você me deu o maior presente que um homem pode desejar sem se dar conta do que fez. Você me convidou para ser o primeiro em sua vida.
- Não foi minha intenção.
- Nada me daria maior prazer - ele continuou, e havia sinceridade em sua voz. - Mas nossos destinos são muito diferentes. Eu só tiraria sua virgindade se pudesse lhe oferecer um futuro comigo. Infelizmente não posso.
Hesitante, Brianna ergueu a mão e tocou-o no rosto. Ele apertou sua mão e soltou-a. Ela traçou a linha daqueles lábios com as pontas dos dedos. Depois fez o mesmo com o bigode e as sobrancelhas. Ahmed era dono de um charme devastador.
Estava se apaixonando por ele como dezenas de mulheres antes dela.
Ele segurou-lhe novamente a mão e beijou-a.
- Bonne nuit, ma chére.
- Não compreendo.
- O que não compreende? - ele brincou. - O francês ou a razão de você ter me permitido tanta liberdade?
- As duas coisas.
- Você é muito jovem, curiosa e tímida. Uma combinação arrebatadora. Um dia, um homem a levará para a cama e você descobrirá que uma cicatriz não significa nada para alguém apaixonado. - Ele ajeitou o lençol. - Durma bem.
- Você também.
Ahmed olhou em sua direção. Brianna não conseguiu decifrar o brilho que viu. Em seguida dormiu e não teve pesadelos.
Formou-se um elo de amizade entre Brianna e Ahmed depois daquela noite, mas também um novo tipo de tensão. Ahmed fazia questão de não se aproximar demais ou tocá-la indevidamente. Também não se referiu uma única vez ao que acontecera. A julgar pelo seu comportamento, parecia impossível que tivesse sido real.
A tensão parecia aumentar a cada dia.
Em certo momento Lang descobriu que Ahmed mandava buscar comida fora e reclamou:
- Você precisa cooperar conosco ou não haverá condições de protegê-lo.
- São meus próprios homens que tem comprado e trazido as refeições. Não se vestem mais de terno ou cáftans. Parecem carregadores de empresas de mudanças e os pratos são trazidos em caixas de papelão.
- Sim, mas o restaurante que os tem fornecido é público.
A polícia desconfiou de uma operação de contrabando ao surpreendê-los, várias noites, carregando caixas pela porta dos fundos do restaurante.
Brianna escondeu o rosto entre as mãos e riu.
Ahmed não achou graça.
- Você pode desfazer o mal-entendido.
- Já desfiz - Lang replicou, irritado. - Quase me esfolaram vivo. Queriam que lhes explicassem as circunstâncias que o levaram a se hospedar com Brianna.
- O problema é seu.
- Mas envolve você - Lang retrucou.
- Se tivesse no comando, cuidaria dos assassinos em pessoa.
- Nós adoraríamos colocar nossas mãos sobre eles, também, só que até o momento não temos idéia de onde se esconderam. Já vasculhamos todos os cantos da cidade e nada.
Embora tenham sido vistos na costa de Yucatán no início da semana, não devem ter entrado no país, ainda. Entretanto, como devem surgir a qualquer momento, você faria um enorme favor a si mesmo e a nós, se usasse de descrição.
- Tenho sido discreto.
- Oh, sim, mandando comprar comidas exóticas importadas.
- Peça que ela pare de comprar aquelas carnes esquisitas que vêem embrulhadas em uma tripa cor de laranja.
- Salsichas - Brianna corrigiu.
- Se nós levarmos outros tipos de ingredientes à sua casa, tais como legumes e verduras, você se importa de tentar agradá-lo, Brianna?
- Traga-me cogumelos, filé mignon e cicuta. Farei um jantar inesquecível.
- Não é permitido envenenar dignitários estrangeiros - Lang comentou.
- Desmancha prazeres!
- Providenciaremos as compras imediatamente - Lang prometeu. - Você promete, agora, que não vai mais encomendar jantares através dos seus homens, Ahmed?
O árabe continuava relutante.
- Está bem. Afinal ela não cozinha tão mal assim.
- Eu cozinho muito bem!
- Faça uma torta de maçã com creme que eu fico para jantar - Lang insinuou.
- Por que não? Bastam me trazer as maças e o creme de leite.
Ahmed se colocou entre eles.
- Infelizmente essa não é uma boa idéia. Lang é conhecido pela maioria dos terroristas. Não pode ser visto aqui.
- Ele tem razão - Lang concordou desanimado.
- Não fique triste. Eu guardo um pedaço de torta.
- Isso me consola. Bem, boa noite.
Brianna o acompanhou até a porta, ciente de que Ahmed não perdia um único movimento seu.
- Cuidado com ele - Lang avisou antes de sair. - è um homem que faz sucesso com as mulheres e você seria uma experiência totalmente nova.
- Obrigada pelo alerta, Lang, mas não sou tão tola quanto pareço.
- Cuide-se assim mesmo.
- Você, também.

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